quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PAPO NA REDE COM VITÃO

Para os torcedores que sempre acompanham o nosso blog, desta vez o Papo na Rede é com o diretor do BMG/Montes Claros - Victor Felipe Oliveira, mais conhecido como Vitão. Nesta especial entrevista, que é dividida em duas partes, Vitão conta como é ser diretor do Moc, sobre as pressões, a correria para conseguir os patrocínios, como foi sua carreira de jogador, o momento mais marcante e muito mais. O papo ficou muito bacana, não deixem de conferir...




Vídeo da Entrevista - 1ª parte




Veja a 1ª parte da entrevista transcrita


Vitão Diretor

Como surgiu o projeto do Montes Claros/FUNADEM e como se tornou diretor da equipe?
É, o projeto de vôlei é um coisa bem engraçada. Eu saí muito novo daqui de Montes Claros, com 11, 12 anos de idade pra jogar vôlei. Eu era e ainda sou muito unido com meu pai, e aquilo para ele foi muito desgastante, foi uma situação muito ruim ver o filho de 12 anos de idade ir embora, ainda mais eu que não desgrudava do pai, ia para todas as reuniões, academia, etc. E quando eu passei no teste do Minas Tênis Clube para ser jogador, meu pai me disse que o dia que tivesse condições, ele montaria um time de vôlei para mim. E aquilo ali passou, eu fui profissional muito novo, passei por vários clubes, fui com 17 anos para o Vivo/Minas, joguei no Banespa, fui para a Europa. E um ano antes da minha despedida da Europa, ele viu realmente que eu não voltaria para o Brasil, eu estava em um momento muito bom da minha carreira e tinha recebido uma proposta da Itália. Mas então meu pai me disse para não assinar o contrato porque ele ia montar um time onde eu seria o jogador principal. Eu falei que ele tava louco, que era muito difícil e tal, mas ele começou a conversar com patrocinadores e montar a estrutura da equipe. Só que, 3 meses antes de vir para cá, eu torci o tornozelo, uma ruptura no ligamento. Hoje poderia voltar a jogar, mas na época não. Então, resolvi dar uma parada para dar uma assessoria nas nossas empresas e algumas pessoas iriam assumir o time. Só que eu vi que existiam alguns de má fé e, como se tratava de um negócio da minha família, eu resolvi assumir o papel de diretor da equipe, contratar jogadores e é esse sucesso aí até hoje.

E qual é mais difícil: ser diretor da equipe ou a pressão é maior quando você está jogando?
Eu até já acostumei com essa vida fora de ser jogador, até mesmo porque meu pai sempre foi empresário, e já aprendi a lidar com essa pressão de negócios. O time de vôlei não é diferente, ele vive de resultados. Você contrata os funcionários, existe aquele dinamismo, a doação muito grande e o resultado é o sucesso. Eu como jogador sempre gostei, nunca fui de me importar com o dinheiro, eu sempre gostei daquela movimentação, que Montes Claros até tem, de torcida vibrando, xingando ou aplaudindo. Eu sempre gostei dessa pressão, tanto como jogador quanto como diretor.

O time das duas primeiras temporadas teve um aproveitamento muito bom, teve destaque e tudo, principalmente no primeiro ano. Mas todo final de temporada, a equipe e torcida sofrem muito com essa questão de renovação de contrato, patrocínio, etc. Por que existe essa dificuldade tão grande de renovar com os patrocinadores se o projeto é tão bem estruturado e apresenta bons resultados?
É uma pergunta que eu também me faço. Mas infelizmente o Norte de Minas ainda não tem esse perfil de empresários que gostam de investir, que acreditam nesse investimento no esporte, na educação, na cultura. Como se diz, são empresários "mais quietos". Mas no Norte de Minas também não tem grandes empresas, mas com o vôlei nós estamos ajudando a trazer esse desenvolvimento. Em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro já existem empresas instaladas que fazem um planejamento de mídia em cima da equipe com orçamentos maiores e tudo justamente pela facilidade. Então, por isso que todo ano temos essa dificuldade aí com patrocinadores.


Crédito: Renato Leandro
A gente vê que o time daquela primeira temporada teve aquela questão mais aguerrida, não que o segundo não tenha sido, mas na terceira, parece que está voltando à origem, à essência, até mesmo que é a cara da torcida, que é vibrante, aguerrida e exigente. Qual a estratégia que você usa para montar um time de orçamento baixo, mas que possa disputar bem a Superliga e outros campeonatos?
Hoje, realmente nosso orçamento é um dos menores da Superliga. De todos os times, nós devemos estar lá em 10º, 11º em termos de gastos. A tática é que eu conheço os jogadores, o Pereyra por exemplo eu já joguei com ele na Espanha. A estratégia é esperar acalmar um pouco as negociações, porque não temos condições de bater as ofertas de outros times, mas é um risco também. Temos que ter um "jogo de cintura" para o mercado dar uma acalmada para aí sim irmos com força total nas negociações. Lógico, a gente também conhece a qualidade técnica dos jogadores e faz o possível para fazer uma equipe competitiva.


Pode ser um pouco apressado por estarmos em "início de temporada", mas você já tem um planejamento para que na próxima temporada a gente não passe por isso novamente?
Eu torço muito para que, principalmente, nosso patrocinador master tenha sucesso na região e assim possa continuar com o apoio, já que hoje é a principal sustentação da nossa equipe.


Às vezes a gente lê na internet sobre os torcedores preocupados com essa questão da manutenção do time, fazem contas de ingressos, estacionamento e tudo. Então, chega-se a um valor grande que daria para manter o time. Isso é real Vitão?
Não, isso é totalmente irreal. Por exemplo, para vocês terem uma ideia, o corpo de bombeiro hoje só libera 7.300 ingressos. Porém, 5.000 são cortesias que eu tenho que distribuir entre os patrocinadores, me sobrando 2.000. Então, a maior parte dos jogos não paga os gastos só com a venda dos ingressos . A gente não ganha dinheiro com estacionamento, o dinheiro arrecadado vai para entidades. Eu até convido a orkutorcida para ir lá depois na CCVEC para ver como o dinheiro do estacionamento é investido lá.


A cbv fecha o contrato com a globo para transmitir algumas partidas. Isso representa alguma coisa em termos financeiros para o time ou não?
Não, não é igual ao futebol. No vôlei, na verdade a gente paga a inscrição. Então, é só mesmo um direito de aparecer na TV, mas não lucramos nada, apesar de que é importante, pois reforça a publicidade.

Vídeo da Entrevista - 2ª parte




Veja a 2ª parte da entrevista transcrita

Vitão jogador

Vitão, gostaríamos de iniciar esta segunda parte te perguntando qual foi um dos momentos mais marcantes da sua carreira. 
Como diretor, foi aquele dia da semifinal contra o Sada/Cruzeiro, porque eu estava doido para aquele jogo terminar, pois estava com medo do ginásio cair. E aquele tie-break ali, naquele último ponto, eu já estava dando murro na ambulância (RISOS), mas foi muito bacana. Como jogador, eu comecei muito novo, no Minas Tênis Clube. Fui para uma final do Campeonato Brasileiro e joguei no Mineirinho com 22 mil pessoas gritando meu nome, sabe? Na época, o Sidão era o "bam bam bam", e eu, novo, consegui bloqueá-lo 2 vezes. Para mim, aquele momento, com ginásio cheio e tudo mais, foi o auge da minha carreira.



Você já jogou na Espanha. Lá também existia uma torcida fanática e tinha a eleição de melhor jogador. Você até foi eleito pelos torcedores. Como é que é essa sensação de ser eleito MVP para a torcida e ainda fora de seu país?
É, foi uma época muito boa minha. Eu joguei 5 anos no Minas, depois eu fui para o Espírito Santo para uma equipe recém formada e lá eu fui o melhor bloqueador. De lá eu fechei um contrato com o Banespa, onde também eu fui o melhor bloqueador. Depois é que eu fui para a Espanha, onde eu estava entre os melhores jogadores, sendo que meu ponto forte sempre foi o bloqueio e é muito bacana o carinho das pessoas. Eu até brinco que foi a melhor época minha porque eu não gastava dinheiro, porque todo lugar que a gente chegava o povo queria pagar algo pra gente. Então, ser reconhecido como um dos melhores jogadores da Europa é muito gratificante, porque você se sacrifica muito. Foi muito bom essa época e eu tenho saudades.

Vitão Torcedor

Bom Vitão, essa questão de ser torcedor e diretor da mesma equipe, como funciona isso durante os jogos: quando o time não está muito bem e você tem que conter um comentário ou você se sente à vontade para comemorar ou reclamar?
Olha, eu sou meio abusado. Até mesmo porque, além do lado profissional, eu sou amigo de todos. Então, eu reclamo, mas também bato nas costas e dou parabéns pelas atitudes positivas. Igual mesmo, hoje estou aqui (no ginásio Tancredo Neves) para parabenizar à equipe pela excelente vitória contra o Medley na estreia da Superliga, porque foi uma vitória super importante pra gente começar com o pé direito. A gente cobra, mas ao mesmo tempo estamos juntos nas coisas positivas, mantendo o nível de torcedor e de diretor.


Vitão no dia-a-dia

O Vitão diretor, jogador e torcedor, boa parte da torcida já conhece. Mas, fora essa questão do esporte, como é que é o dia-a-dia do Vitão?
É, hoje eu estou em uma fase bem puxada. Estou chegando a trabalhar 18 a 20 horas por dia, dormindo 6 horas só. Estamos em uma fase de implantação de algumas empresas com a família, estou gerenciando as faculdades e esse trabalho tem que ser feito porque as empresas têm que render até mesmo para que o time seja mantido. Mas eu sempre gosto de sair para jantar com os amigos, tenho uma boate aqui também em Montes Claros, de vez em quando eu vou lá dar uma passadinha só para ver como é que está e a gente acaba dando uma descansada, uma divertida e é isso aí. Não pode ser também 100% trabalho. Ontem mesmo estávamos no show de Gusttavo Lima e tem todo esse entretenimento aí.

Ainda sobra tempo nessa carga de trabalho para poder bater uma "peladinha" de vôlei?
Rapaz, eu até tinha voltado a jogar aqui. Eu tinha marcado com alguns amigos de toda quarta-feira bater uma "peladinha". Mas o tempo ficou tão corrido que demos uma cancelada. Mas de vez em quando eu gosto de jogar tênis também, bato até uma "peladinha" de futebol, porque vôlei é mais complicado, porque precisa de no mínimo 4 para se ter pelo menos uma duplinha.

Mensagem

Tem muita gente que admira o seu trabalho, sua personalidade e o seu jeito de lidar com a torcida. Então, a gente queria que você mandasse um recado para essa galera, que é muito grande mesmo e que reconhece o seu esforço, que não é pouco, para manter o time.
Então, para todos, eu só tenho a agradecer. Acho que sem vocês, sem a população de Montes Claros, sem as torcidas organizadas, nada disso que vocês veem seria possível. É o empenho, é a movimentação que nos motiva, que nos faz correr atrás, viajar e bater em porta de patrocinador. Eu gosto de escutar e ver opiniões para que o time possa cada vez mais ter sucesso e que o entretenimento para a cidade montesclarense possa continuar. Valeu, grande abraço e beijos para todos!


Agradecemos imensamente o Vitão por ter nos atendido, mesmo com a evidente agenda cheia. Com certeza, muitas dúvidas e curiosidades foram esclarecidas para a torcida e a admiração pelo trabalho feito pelo diretor do BMG/Montes Claros só aumentou. Que o sucesso do projeto possa ainda continuar por muito tempo e, juntos - torcida e equipe - possamos alcançar bons títulos para o Pequi Atômico.

3 comentários:

  1. Vocês do blog estão de parabéns, fizeram uma bela entrevista. Este jovem empresário é um exemplo de que a família é o alicerce de uma boa educação.Sempre presenciamos noticiários de famílias desestruturadas e pela entrevista deu para ver que os laços familiares do Vitão está dando hoje muitas alegrias para o Norte de Minas.

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  2. Muuito bom ! Com isso muita gente vai saber a realidade do projeto e a dificuldade para mantê-lo! Tamo junto, Vitão!

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  3. Ronilson M. Silva15 dezembro, 2011

    Fino! Vitão dispensa comentarios, mas, so para enfatizar ele é o cara(rsrs...)! Abrass amigo...

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