quarta-feira, 7 de março de 2012

PAPO NA REDE COM PEREYRA

Bom pessoal, hoje o Papo na Rede é com o Federico Pereyra. Na 1ª parte, falando mais sobre assuntos técnicos do voleibol, o hermano conta como são as diferentes bolas pelos países por onde passou, como foram as ligas, o desempenho que o Montes Claros teve na Superliga 2011/2012, revela se deseja ficar no time e mais. Na 2ª parte, com a participação especial do Rodrigo Rivoli, levantador do Moc, os dois jogadores opinam sobre as inúmeras trocas de tênis dos atletas de vôlei, Pereyra fala o que achou da culinária brasileira, se alguém já fez uma brincadeira com ele por não entender tanto o português e acaba tendo que pedir ajuda ao Rivoli para entender uma pergunta do bate-papo (risos). A entrevista ficou muito bacana, vale a pena conferir... 



Assista ao vídeo da entrevista


Leia a entrevista transcrita

1ª parte 



Você já disputou quatro ligas diferentes. Queríamos começar te perguntando qual a diferença entre elas. 

Tive a sorte de disputar quatro Superligas de diferentes países. A primeira foi na Argentina, minha casa, já estou acostumado. Depois tive a sorte de ir para a Grécia jogar, apesar de que a Liga de lá caiu um pouco agora, mas na época estava forte e foi uma experiência muito boa, eu era muito moleque quando fui pra lá. Então eu fui para a Europa, decidi ficar na Espanha, em uma liga um pouco mais fraca, mas tive a oportunidade de jogar todos os jogos. Depois eu fui para a Argentina para jogar de oposto, o que deu certo, mas estou trabalhando para continuar melhorando. Este ano aqui no Brasil foi uma experiência maravilhosa. O time não foi o melhor, mas para mim, pessoalmente, foi muito bom. 



Pereyra, nessas competições que você disputou, as bolas mudam muito? 

Na Europa e na Grécia eu jogava com a Mikasa, que é a mesma bola a nível internacional. Na Espanha eu joguei com a Molten, mesma bola da Itália. Então fui para a Argentina e lá tem uma que vocês não conhecem, mas é muito pesada e diferente da penalty, a bola daqui. Mas eu adorei a Penalty, só para sacar que tenho um pouco de dificuldade, mas para oposto essa bola é a melhor. 

Dessas bolas, você tem preferência por alguma? 
Eu gostei muito da “Molten”, ela é muito boa. 

Facilita o ataque, saque, etc? É mais leve que a nossa? 
Sim, facilita um pouco. Ela é um pouco mais pesada, mas é mais direcionada. Não é que você vai ser um “monstro” jogando com a Molten (risos), mas ajuda um pouco. 

Pereyra, quando você veio para cá, uma das coisas que você disse que te trouxe para o Brasil é que aqui treinavam muito. Hoje você já está adaptado, já consegue fazer uma avaliação melhor. Você acha que treinam muito realmente, que a quantidade de treinos é exagerada? Como é que foi essa adaptação ao esquema brasileiro de treino? 
Na verdade, eu acho que aqui treinam em excesso. Mas eu caminho com a mentalidade brasileira e tem que respeitar, né? Sou estrangeiro, cheguei aqui e o treinador gosta de treinar muito. Eu particularmente não gosto de treinar tanto. Em excesso não. Mas aqui foi muito bom, aprendi muitas coisas positivas, me ajudou bastante a crescer com os treinadores Manu e Jorginho. 

Foto: VIPCOMM
Sobre a trajetória da equipe nesta temporada: já está desclassificada, o desempenho não foi o que todos esperavam, porque estávamos na expectativa da classificação, etc. Como você avalia o desempenho do time nesta Superliga? 
Uma boa pergunta, porque tem muito pra falar. Quanto acabar esta temporada temos que fazer uma análise muito longa, o time jogou de maior para menor, foi caindo com o decorrer da temporada. Mas ainda temos que ter um pouco de força para dar alegria para a torcida (no jogo contra o São Bernardo), a gente merece uma vitória aqui em casa no último jogo. Eu particularmente fiquei muito chateado, muito triste. Cheguei aqui botando um objetivo, todo ano eu coloco objetivo. Neste eu tinha colocado de no mínimo jogar as quartas de final, e não deu certo, por diferentes fatores, coisas que a gente fez errado e têm que servir de experiência para no próximo ano. 

Foto: FIVB
Na Argentina, o pessoal comenta muito sobre o vôlei brasileiro? Essa eliminação teve alguma repercussão entre seus amigos? Eles comentaram? 
Não, ainda nada, não falei muito com eles. Mas com certeza isso aqui (a eliminação) pra mim foi um fracasso. Eu esperava muito, o time tinha muitos bons jogadores. Comparando a outros times que estão dentro dos oito, não vejo diferença nenhuma. Nós não estamos nos playoffs por erros próprios e por diferentes fatores, como eu falei, que cada um tem que analisar, porque todos são culpados. Ninguém se salva, desde fisioterapeuta até o último jogador. Mas como eu disse, (contra o São Bernardo) temos que ir com tudo, com força, promover a alegria da gente (torcida) que merece, que acompanha todo ano o time, que nunca desistiu e eu tenho muito para agradecer, fiquei muito impressionado com isso. 

MOC x CIM. Foto: CBV
No elenco aqui de Montes Claros, você disse que ainda é complicado analisar o que aconteceu, o que deu de errado, repensar em tudo. Mas, por exemplo, tiveram algumas partidas que o time teve chance real de vencer. Não sei se você concorda com a gente, mas lá em Florianópolis o Montes Claros fez um set maravilhoso e no outro caiu muito. Como que pode o time ser tão instável assim, o que dá para falar sobre isso? 
Acho que a personalidade do grupo tem que se criar, sabe? Desde o primeiro dia, tem que se criar uma força, cada um olhar para o outro e dizer “agora chegou a hora”, “não pode acontecer isso”. E acho que nosso time perdeu a personalidade, não sei por quê. Mas quando o time não tem personalidade, fica muito difícil. Quando estamos ganhando de 2x0, todos conseguem jogar, mas é nos momentos difíceis que o time tem que jogar. E nossa equipe apareceu só em alguns jogos. Porém, isso tem que servir de experiência para o próximo ano, todo mundo tem que ficar focado. 

Já aproveitando esse gancho de próxima temporada, você disse que quer ficar no Brasil. A Superliga não acabou, mas qual é a possibilidade do Pereyra permanecer aqui em Montes Claros? 
Isso ainda eu não posso falar, porque não está ao meu alcance. Acho que a diretoria tem que falar comigo se tem vontade de eu ficar. Se tem vontade, eu vou escutar, vou analisar, porque eu gostei daqui. Se não falar, também não vou ficar chateado, pois entendo a situação da diretoria, que montou um time para ficar entre os oito. Mas está na decisão deles. De qualquer forma, vou dedicar até o fim, até mesmo porque tenho que pensar nas Olimpíadas. 

Só para encerrar essa primeira parte, aqui do elenco, quais foram os jogadores ou o jogador que você mais fez amizade? 
Ah, têm alguns no time que tenho mais afinidade que outros, mas o Rodrigo Rivoli foi um cara que me ajudou muito. Ele machucou e eu fiquei do lado dele também, sempre nos ajudamos. Ele é mais velho que eu, então ele me transmitiu essa experiência dele e isso foi muito importante pra mim. Também o Leo Caldeira foi um parceiro, continua sendo. Esses sempre serão grandes parceiros. A coisa boa do vôlei é que oferece isso. Mas tem muita gente boa aqui, todos são, não tem ninguém “gente ruim”.


2ª parte 

Mudando de cenário, o Papo na Rede se torna mais descontraído e também contamos com a participação especial do levantador do Montes Claros – Rivoli. 

Pereyra, qual a sua expectativa para a Olimpíada? 
Ainda tem o pré-olímpico, mas o nosso time acredita muito na classificação, trabalhou muito nesses dois anos. Ganhamos muito jogo na Copa do Mundo, fomos 4º lugar na Liga Mundial. Então, só falta a classificação para as Olimpíadas, porque foi para isso que todo mundo trabalhou e agora tem a oportunidade em casa. 

Na Argentina, você sente pressão por parte dos torcedores para essa classificação e pelo bom desempenho nas Olimpíadas? Como está o clima na Argentina com relação à seleção? 
Acho que o clima pra gente hoje está bastante tranquilo, porque temos jogado bem, o time é muito novo. Agora, no momento, o time ainda não tem problema. A torcida vem acompanhando a gente nos torneios e nas redes sociais também. Está bastante tranquilo lá. 

E aproveitando pra falar sobre torcida, queríamos que você fizesse uma comparação entre a torcida brasileira e a argentina com relação ao vôlei. 
Acho que as duas torcidas são de sangue latino, né? (risos). Não tem como fazer uma comparação porque as duas são muito parecidas. 

Foto: Havarcom
A gente percebe que os jogadores trocam muito de tênis. Isso é questão de desgaste do material ou é questão de vaidade? 
Tem jogadores que usam tênis 7 meses. No meu caso, eu troco quando estou sentindo que o tênis já está desgastado quando eu salto. Mas geralmente tem durabilidade de um mês e meio. Eu compro bastante porque eu vou para a Europa, para o Japão, etc. 

Colocando o Rodrigo na conversa, o que você acha, Rivoli, é desgaste do material ou é questão de vaidade? 
Com certeza troca de tênis é pelo desgaste sim. O ideal é sempre revezar de dois a três tênis para não desgastar demais, porque somos muito pesados, tendo cerca de 100 quilos, saltando muito, então não aguenta tanto tempo. A grande maioria troca por causa disso, e também para não ter problema de joelho, coluna, etc. 

Pereyra, o que você costuma fazer nas horas de folga? 
Ah, eu não tenho muita folga agora (risos), porque vou para a seleção, então fica um pouco complicado. Mas no meu país sempre tenho alguma coisa para fazer. Gosto muito de sair para jantar com minha mulher. Sair com meus amigos também. Gosto também de ficar em casa descansando, porque não tenho muito tempo para isso, são muitos treinos, então não tenho muita vontade, às vezes, de sair. 

Aqui em Montes Claros, qual o lugar que você já saiu para conhecer? 
Na verdade, eu fui... Não estou lembrado do nome. Foi um restaurante com churrasco. Eu fui com o Rafinha, perto da BR, hã? 

Será que foi o Chimarrão? 
Pereyra: brasa, hã? 
Rivoli: La Brasa é aqui (do lado). 
Pereyra: então deve ser outro (risos). Fui pra lá, e sempre vou para o Jacs, ou aqui (UltraLev), com o Rodrigo. Não deu para conhecer muito aqui, porque são muitas viagens. 

Da comida brasileira, o que você achou? 
Ah, eu gostei muito da comida brasileira. Na verdade, aqui eu emagreci pra caramba (risos), porque a comida é um pouco mais saudável do que lá (Argentina), que tem muita carne vermelha. Aqui dá para comer bem melhor, porque tem muito arroz, feijão, salada e muita fruta. Na Argentina não tem muita fruta assim. Só que estou com muita saudade do assado argentino, adoro isso (risos). 

E o pequi, já chegou a experimentar? 
Eu acho que já experimentei, mas não lembro bem, acho que não gostei muito. Mas vou tentar de novo, vamos ver se consigo gostar agora (risos). 

É, o Rivoli não gostou muito, né? 
Rivoli: é, um sabor meio forte pra mim, pra quem não está acostumado. Acho que vocês aqui da região já nascem comendo o pequi igual gaúcho com chimarrão. Só gaúcho que gosta de chimarrão, então acho que só montesclarense que gosta de pequi (risos). É, porque é uma coisa que vocês se acostumam desde pequeno, então o paladar já se acostumou com aquele sabor. 

Pereyra, só para fecharmos, você hoje entende bastante do português, mas quando você chegou alguém fez alguma gracinha com você, por causa do idioma? 
Ah, teve muito essa história, mas não dá para falar agora (risos). Mas quando eu cheguei não dava para compreender tudo. Com o tempo eu aprendi, melhorei bastante, com a ajuda do Rodrigo, do Leo, de todo o time, porque por estarem falando em português a todo momento ajuda a eu dar uma melhorada. Agora estou falando um pouco melhor. Se eu ficar mais um “año”, vou falar perfeitamente (risos). 

E os termos no vôlei, tanto na Argentina quanto no Brasil são os mesmos? Algum termo técnico que o treinador utiliza na hora da explicação? 
Pereyra: Acho que todos os técnicos têm o mesmo jeito. Alguns precisam de mais tempo que outros... É isso que ele perguntou, cara (Rivoli)? 
Rivoli: não, os termos! 
Pereyra: termos? 
Rivoli: é, os nomes das jogadas, os termos técnicos de voleibol, se são parecidos lá na Argentina e aqui no Brasil. 
Pereyra: ah! Não, são diferentes, porque cada técnico tem seu jeito de falar. Weber tem o jeito muito diferente do Jorginho, que também tem o jeito diferente de outro técnico. E o jogador tem que se acostumar, porque todo time que ele vai é um técnico diferente. Você tem que ter a cabeça boa para interpretar as coisas da melhor maneira.


Então a gente fica por aqui, agradecemos muito a atenção que os dois tiveram em nos receber, além da paciência (risos). E que os dois possam obter bastante sucesso na trajetória deles, principalmente se renovarem com o Montes Claros (risos). Grande Abraço da Orkutorcida, valeu!

5 comentários:

  1. No futebol, o ditado diz que a verdade dura apenas 24 horas. Parece que no voleibol a questão se repete. Após a declaração de que aguardaria a direção, misteriosamente Pereyra não se apresenta para o jogo contra o São Bernardo. No twitter, já demonstrava descontentamento com a situação: "um dia a menos". Foi um jogador "com mais manchete do que notícia", irregular e que demonstrou má vontade e displicência em muitos jogos decisivos. Foi embora, deixando para trás uma equipe cuja torcida esperava bons resultados. Isso é falta de compromisso? Talvez. É um profissional e deve pensar no melhor para ele e sua família. Assim como a diretoria deve pensar na equipe e formar um grupo forte, com jogadores que promovam o retorno que os patrocinadores e a maioria da torcida espera. A torcida tem o direito de escolher os jogadores mais populares e aclamados. À diretoria cabe a incumbência de formar um grupo que dê retorno em resultados. Sobre o Pereyra, irregular e displicente como foi, não vai fazer falta alguma para quem espera ter um desempenho melhor do que nesta pífia temporada.

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  2. Concordo com o Ackilles,nao se pode tapar o sol com a peneira..Foi displicente mesmo,juntamente com o time dirigido por um tecnico retrogrado,antiquado para um voley moderno,quem assistiu os treinos que o diga..Em resumo ginasio que teve o prazer de ter 8500 pessoas agora termina com menos de 200..mostra o quanto a torcida ficou insatisfeita..O MOC ficou aquem,e se a diretoria nao formar um time competitivo...que venha a proxima superliga,estou torcendo para o VIVO MINAS nos playoffs.

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  3. Oposto da seleção Argentina, chegou foi embora e ninguém viu.
    Foi um jogador "com mais manchete do que notícia"

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  4. Ackilles falou tudo.
    Além disso, ele é muito novo e incensado demais.
    Bom para muita gente que ficou apostando todas a fichas nele, antes mesmo de vê-lo mostrar serviço. Espero que 'se encontre' por onde for, seja um sucesso, amadureça e arranje uma assessoria boa.

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  5. Acho que o Pereyra gostou foi da churrascaria Fogo no Espeto!

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