quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Papo na Rede com Willian

Olá, internautas! Hoje estamos com um Papo na Rede muito rico de informações e que visa a esclarecer algumas dúvidas dos fanáticos torcedores do voleibol, mas que ao mesmo tempo envolve um assunto bem polêmico: estatísticas! (Risos). A entrevista foi feita com o nosso estatístico Willian Santa Maria, na qual ele fala como ele auxilia nas estratégias da equipe, sobre as diferenças de dados entre as estatísticas da CBV para a dos clubes, qual fundamento considera mais importante atualmente e muito mais. Está incrível, não deixe de conferir!

Entrevista com o estatístico do Montes Claros na temporada 2015-2016: Willian Santa Maria. Montagem: Orkutorcida.
Assista ao Vídeo da Entrevista


Leia a Entrevista Transcrita

Estatístico Willian Santa Maria.
Foto: MCV.
Comece nos dizendo como é o trabalho de um estatístico em uma equipe de vôlei e a diferença para um assistente técnico.
Consiste em coletar dados. Eu faço efetivamente é decodificar os fundamentos, do jeito que está acontecendo o comportamento dos atletas, em uma série de códigos e inserir dentro de um programa (data volley). Junto com o data video, os softwares sincronizam esses códigos e permitem que a gente estude o que está acontecendo, permitindo fazer uma análise dos números: efetividade, enfim, todas as coisas do vôlei. A diferença para o assistente técnico é que o assistente recebe os relatórios gerados através dos dados que coletei. Ele recebe esses números para estudar tanto a nossa equipe quanto a adversária, juntamente com o técnico.

Enquanto fanáticos torcedores acabamos dando uma olhada nas estatísticas divulgadas após as partidas e deparando com aqueles termos que não conseguimos entender e ficamos curiosos. O que significa por exemplo um "break point"?
Esse termo, encontrado nas estatísticas da CBV, não tem uma tradução fiel, mas seria mais ou menos o ponto depois de uma defesa. Temos o side-out, que é uma espécie de ponto de ataque depois da recepção. O break point é aquele onde o time sacou, defendeu e fez o ponto.

As estatísticas às vezes ilustram um cenário que não bate muito com o que o torcedor viu, existe essa divergência. O que você pensa sobre esse assunto?
É, a questão vai da emoção do jogo. Até mesmo nós da comissão técnica saímos do jogo com uma impressão e depois que analisamos os números vemos o que realmente aconteceu. Os números nunca erram. Ali é exatamente o que aconteceu. Às vezes você sai com a impressão de que um atleta foi muito bom e quando você vê as estatísticas não tem nada disso. É comum, por isso que muitas vezes os técnicos evitam falar com a equipe logo após o jogo, porque está com sangue quente. Eles preferem passar a noite e analisar os números friamente para chegar com argumentos plausíveis para ver o que tem que melhorar, o que tem que manter, etc.

Comissão técnica MOC.
Foto: MCV.
Atualmente, no vôlei, qual o fundamento que você considera o mais importante?
Ah, o ataque. Sem dúvida nenhuma quem ataca melhor ganha o jogo, não tem meio termo. Voleibol hoje, o aspecto físico, e quando falo físico não é só preparação, mas o próprio biotipo do atleta, é muito determinante no resultado. Às vezes você monta uma tática coletiva incrível, consegue cumprir, mas fisicamente a outra equipe se sobressai na marcação. Vou dar exemplos: Leal, Lucarelli, Isaak, Wallace... às vezes você pode colocar uma marcação perfeita para os caros, um sistema defensivo que está na região que eles atacam, mas vão ganhar na altura, vão por cima do bloqueio e conseguem angular as bolas com mais facilidade em virtude do aspecto físico deles. Às vezes a recepção pode ser ruim, mas se o cara atacar por cima do bloqueio, rodar o tempo inteiro, o time vai ganhar o jogo. Pode sacar muito, mas se o outro time atacar ganha.

Agora, igual nessa vitória que o Montes Claros teve sobre o Maringá, por 3x1, nas marcações divulgadas pela CBV a gente pensou que o time tinha feito apenas três pontos de bloqueio, sendo que na verdade foram 13. Esse é só um exemplo de divergência que teve nas estatísticas. Isso é comum acontecer na Superliga ou tem sido frequente nesta? Porque Salsa até divulgou isso nas redes sociais e outros jogadores aproveitaram para falar sobre o assunto. Fabio Paes até falou que a sua recepção veio zerada, isso é um caso grave.
É, eu penso assim: eu não sei qual o software de análise de jogo que a CBV está usando, então não posso falar com muita propriedade. O que eu posso dizer é que isso já aconteceu mais vezes nesta edição e eu nunca vivenciei isso antes. É uma questão de adaptação. A pessoa que está conduzindo essa análise, que está decodificando, precisa ter mais atenção ou fazer uma capacitação melhor, mas eu não posso nem criticar porque não sei o que está acontecendo. Às vezes, também, cada equipe analisa de forma diferente. Por exemplo: a recepção perfeita para o Marcelinho Ramos não é a mesma recepção perfeita para o Marcelo Mendez. Tem um senso comum, mas cada um estuda o jogo da maneira que quer. Porém, o score, ou seja, o ataque-ponto, o bloqueio-ponto, o que é efetivado, tinha que ser comum. Se a equipe coletivamente fez 13 bloqueios isso tinha que estar contabilizado.

Ponteiro Bob.
Foto: Fredson Souza.
No momento, qual o jogador do Montes Claros que você considera o mais importante e por quê?
Falando de números, acho que a nossa equipe hoje tem uma condição coletiva. O cara mesmo mais importante não tem como apontar. Um cara que está se destacando em números é o Bob. Ele hoje é um cara muito importante para o equilíbrio da nossa equipe e que vem apresentando uma efetividade boa no ataque. Então, eu, pessoalmente, não esperava que ele fosse atacar tão bem como ele vem atacando. A recepção eu já sabia que ia ser boa, porque é a característica dele. Então, o nível de importância maior que qualquer um ele não tem, é o coletivo que funciona, mas ele é um cara que espero que se mantenha no nível de voleibol que vem apresentando.

No seu dia a dia você também fica fissurado pelos números? (Risos)
(Risos) Não, não, na verdade eu tento me desligar.

Mas você já teve um pesadelo com estatísticas? (Risos).
(Risos) Não, nunca tive. Meu dia a dia é muito trabalho, sou um cara bem tranquilo. Posso te falar assim: trabalho, mas é hobby. Por exemplo, dificilmente no meu tempo livre eu não estou trabalhando, mexendo com jogo. Eu não sou fissurado com números, mas procuro estudar bastante, diariamente.

Vamos então para as perguntas rápidas para conhecer um pouco mais sobre seu perfil.
GARRA OU EFICIÊNCIA: ...eficiência;
PROBABILIDADE DE VOCÊ FICAR NERVOSO: 50%. Eu sou um cara bem tranquilo, mas eu não gosto de perder, é muito difícil para mim, independente do adversário, eu sofro muito com isso ainda. É uma coisa que tenho que amadurecer para conseguir entender, isso é algo que me deixar nervoso. Mas, diariamente, com as pessoas, é bem difícil me tirar do sério;
UM VÍCIO: estudo;
NÚMERO DA SORTE: 9;
IDEOLOGIA: sempre fazer o certo, independente do que isso vá me custar; e trabalho, diariamente. Comigo não tem tempo ruim, essa é minha ideologia. Fazer o que é certo e trabalhar duro.

Willian Santa Maria é entrevistado pela Orkutorcida. Crédito: Orkutorcida.
Essa entrevista foi uma das mais ricas de informações que já tivemos. Foi um bate-papo muito bacana que pôde ilustrar como funciona o trabalho da comissão técnica, que é fundamental para o desempenho de uma equipe de voleibol. Agradecemos mais uma vez ao nosso estatístico Willian pela educação em nos atender e responder às nossas perguntas. Grande abraço da Orkutorcida, Willian, Valeu!

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