sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Papo na Rede com Bob

Olá, internautas! Estamos com mais um Papo na Rede na temporada 2015-2016. Desta vez o nosso entrevistado o experiente ponteiro Alessandro Dvoranen, mais conhecido como Bob. Tivemos um verdadeiro bate-papo com o atleta e ele nos contou sobre sua infância, quem ele tem como referência de vida, quais são seus medos, como o psicológico do atleta pode ser trabalhado e vários outros assuntos bastante interessantes. Torcida, está incrível! Não deixe de conferir...

Entrevista com o ponteiro Alessandro Dvoranen, o Bob, do Montes Claros Vôlei. Montagem: Orkutorcida.
Assista ao Vídeo da Entrevista


Leia a Entrevista Transcrita

Alessandro Dvoranen (Bob).
Fredson Souza/MCV.
O que você está achanado do clima da equipe, da organização do projeto, do envolvimento de todos para a temporada... você está feliz em estar de volta?
Eu estou muito feliz, é um projeto diferenciado dos outros anos, cresceu muito, está muito bem organizado; e o clima da equipe é esse do nosso dia a dia. É uma equipe que gosta de liderar, de estar junta, tem conseguido bons resultados dentro de quadra e isso nos ajuda a querer cada vez mais desenvolver o trabalho aqui em Montes Claros.

Só o treinamento e a experiência do atleta fazem com que ele melhore seu psicológico ou tem algum trabalho extraquadra que faz com que ele melhore essa parte?
Existem alguns clubes que trabalham com o psicológico, fazem dinâmicas em equipe e que têm consultas individuais. Eu penso que a parte psicológica é muito individual, de se conhecer, de saber onde buscar melhorias. A experiência é importante, porque você vai se conhecendo mais, como sair de uma situação, mas independentemente da experiência, cada atleta já tem que saber onde peca e o que faz para sair de situações difíceis. Eu, por exemplo, há uns três, quatro anos, tive uma crise de insegurança no passe e eu sou um ponteiro passador, não é? Eu ganho para isso, eu fico exposto dentro da quadra o tempo inteiro. Não tinha nada que me fizesse recobrar a confiança. Conversa de grupo, a equipe toda tentando passar confiança, mas enquanto eu não descobri o meu método de sair daquilo eu não consegui. Demorei um bom tempo.

Então nem sempre tem explicação lógica, nem o atleta consegue explicar?!
Isso, não consegue ver o que é, e foi por isso que demorei alguns meses para entender o que estava acontecendo. A vida inteira foi o meu melhor fundamento e eu estava inseguro nele. Então comecei a trabalhar uma série de coisas. Você vai se conhecendo, tem que brigar com sua mente para você fazer ela voltar a funcionar de novo e portanto acho que é muito individual.

Bob (Montes Claros Vôlei).
Foto: Fredson Souza/MCV.
Falando do Campeonato Mineiro, o Montes Claros só foi para a final no primeiro ano do time, em 2009-2010. Foi o único ano que a equipe inclusive ganhou. Mas este parece ser um dos melhores momentos para o time pelo menos conseguir chegar à fase final. O time está entrosado, cresceu bastante na competição e Marcelinho conseguiu usar todas as peças de alguma forma. O que você acha que Montes Claros tem que pensar se quiser realizar esse objetivo?
O pensamento é de vitória, mas tem uma série de coisas também. Primeiro precisamos ver qual vai ser o adversário. Já enfrentamos os dois (Sada e Minas) e para cada um é uma estratégia diferente, uma tática diferente. Nos dois confrontos a gente sabe que tem que estar muito focado para jogar com inteligência, porque são duas equipes que estão montadas há mais tempo. Então temos que saber como quebrar as melhores características deles, porque já têm um entrosamento maior. Uma coisa que faltou no nosso primeiro jogo contra o Minas foi botarmos a cabeça no lugar e ver o que tinha que fazer no jogo taticamente. Então, se for eles já estamos preparados para fazer isso. Se for o Sada a gente sabe que é uma equipe muito forte, mas provamos aqui no último jogo que temos condições de ganhar. Então é entrar com o coração na mão e ir com tudo pra cima deles, porque queremos muito fazer essa final.

Sobre esse último jogo contra o Sada, é difícil uma arbitragem definir o resultado de uma partida, porque são muitos pontos envolvidos e não é um lance que vai definir. Mas quando a gente lembra daquela partida aqui no ginásio, contra o Sada/Cruzeiro, tie-break, partida empatada e então dois lances seguidos são apitados erroneamente, você acha que nessa hora fica difícil manter a cabeça no lugar? O que se passa na cabeça do atleta em momentos como aquele?
Não pode ficar (difícil manter a cabeça), não é? Mas às vezes, no calor do jogo, você sabe que fez a ação correta, em jogo equilibrado, contra time muito forte e vê dois erros seguidos depois de já uns cinco durante a partida, sendo que todas as bolas duvidosas o árbitro deu a favor do Sada, é complicado. Inclusive, teve duas bolas que eu ataquei "mão usada na bola de fora" que desceram e pegaram na fita, mas ele (o juiz) deu bola fora, até o peguei pelo braço, achei que ia me dar vermelho (risos). Eu não considero que esses lances tenham sido decisivos, mas influenciaram porque o Sada abriu dois pontos e a gente teve que parar, perdeu um tempo técnico por causa daquilo e foi onde eles abriram um pouco de vantagem.

Bob criança.
Foto: Arquivo Pessoal.
Bob, nós estamos no mês das crianças e essa é uma fase muito boa na vida da gente. Conte-nos um pouco como foi sua infância.
Minha infância foi em uma cidade pequena, do interior do Paraná, Marialva. Tinha eu e mais dois irmãos mais velhos, foi uma fase muito boa, que eu tenho ótimas recordações. Morava em cidade pequena e tinha essa vida de cidade pequena: brincar na rua, colégio e rua. Minha mãe era meio "embaçada" e a gente não podia ir muito pra rua. De vez em quando nós íamos e era muito com meus irmãos e meus primos. São dois anos de diferença com relação aos meus irmãos e a gente foi sempre muito próximo, a família toda. Os primos todos têm mais ou menos a mesma faixa etária e a nossa família era meio que nosso convívio social, não tinha muito fora disso não, até mesmo porque era linha dura (risos).

E foi nessa época que você descobriu que iria trabalhar com vôlei? Qual foi o seu primeiro contato com o esporte?
Meu contato com o voleibol foi totalmente ocasional, eu estudava no Maringá na época, tinha um amigo meu que iria fazer algum esporte, eu era muito ruim no futebol e a gente foi à tarde para fazer futsal para ver se eu melhorava um pouco. Nesse dia não tinha, só vôlei, e então eu fui lá treinar. Minha professora gostou, falou que eu tinha potencial, eu tinha 12 anos na época, e então comecei a treinar. Fui até o final do ano. Nas férias e no começo do outro ano eu parei, não voltei. Então a professora foi atrás de mim, disse que gostaria que eu continuasse e então voltei a treinar, participei da seleção paranaense e não parei mais.

Agora, no Brasil, estamos vivendo uma crise não só financeira, mas bons e velhos costumes estão sendo deixados de lado com o passar do tempo. As crianças de hoje não são iguais às de uma ou duas décadas atrás. O que você pensa sobre essa situação?
É uma crise de valores, não é? Acho que essa modernidade, tecnologia em excesso, influencia para isso também. Excesso de valorização de imagem, do "ter" ao invés do "ser". É uma crise mesmo, e não é só no Brasil, é mundial. Você lê cada vez mais absurdos sobre o relacionamento humano, como as pessoas se tratam, e ao longo da história você vê ápices de comportamento. Penso que estamos passando por um. Eu sou cristão e acredito que o apocalipse já deva estar chegando.

Bob em MOC.
Foto: Fredson Souza/MCV.
E, nesse cenário, quais valores você acha que o esporte pode contribuir tanto para a vida do atleta quando para a vida de uma pessoa comum, um torcedor?
O esporte é fundamental na criação das pessoas porque inclui um monte de coisas. Responsabilidade, senso de equipe, trabalho, respeito ao próximo, rotina, várias coisas. Penso que para as crianças mais carentes também é um caminho de um sonho que vai levá-los distante da realidade, que às vezes é muito complicada. O esporte pode direcionar para alguma coisa maior, basicamente pode tirar alguém da rua.

Não precisa ser necessariamente no esporte, mas quem você tem como referência na sua vida?
Meus pais, sem sombra de dúvida. São exemplos de honestidade e caráter, são pessoas que eu admiro demais.

Partindo para a nossa parte final, fazemos umas perguntas rápidas e você responde com respostas rápidas, é para saber um pouco mais sobre seu perfil (risos).
MEDO: das suas perguntas! Sacanagem (risos). Eu tenho medos básicos de altura e de aranha, pra car... (risos). Mas um medo que eu tenho é de ser um velho frustrado, de achar que eu não fiz o que poderia ter feito. Por isso eu gosto de me dedicar ao máximo ao que eu tenho que fazer e viver as coisas que eu tenho vontade de viver para não ser um velho frustrado.
NÃO FICA SEM: internet, eu acho (risos).
UM LUGAR QUE VOCÊ QUER CONHECER: estava falando com uma amiga minha, que estava morando na Noruega, e lá tem a aurora boreal. É um dos sonhos que eu tenho de conhecer, um lugar onde eu possa ficar com uma aurora boreal.
PRATO: um prato... eu como pra car... ô, desculpa! Pra caramba (risos). O básico me satisfaz: uma boa salada, um arroz e um feijão bem feitos e uma carne grelhada.
LIVRO: a bíblia sagrada.
FILOSOFIA DE VIDA: resumindo: ser feliz.

Bob é entrevistado pela Orkutorcida. Crédito: Orkutorcida.
Este foi um dos nossos bate-papos mais interessantes até aqui. Agradecemos ao nosso ponteiro pela atenção em nos receber e responder às nossas perguntas, mesmo bastante nervoso... (risos). Brincadeiras à parte, esperamos que a equipe termine forte esse Mineiro 2015 para entrar embalado de vez para a Superliga 2015-2016. Grande abraço, Bob! Valeu!

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